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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

sábado, 9 de outubro de 2010

Sombrias Tropicálias está presente em Os Sete Guerreiros

A história de Os Sete Guerreiros há algum tempo permeia meus pensamentos, no entanto nunca quis apenas escrevê-la, tinha de que haver um diferencial. E como encontrar um diferencial num segmento de literatura com uma porção de gente boa? Este foi meu desafio, que humildemente não sei se vou conseguir cumprir, mas que tentei de uma forma não muito usual: povoando o místico mundo da Terra Intermediária com habitantes do folclore brasileiro e latino-americano.

E quando li o artigo Sombrias Tropicálias da Simone Saueressig na Revista Fantástica, tive a certeza que meu caminho não estava assim tão distante do meu desejo, pois em toda a Saga de Os Sete Guerreiros haverá uma ampla participação de nossos seres fantásticos, cujas referências são bem claras no ataque de Mboi-Teuê e o ataque dos soldados Ahos, inspirados na legendária e temida figura dos Ao Ao. E ao longo da saga veremos muito mais referências de nossos monstros, como pelotões de cavaleiros de fogo, fantasmas castigados pelo inferno, e montados em mulas-sem-cabeça.

É importante a participação do nosso folclore, afinal temos “boas” criaturas a serem trabalhadas, que as vezes passam despercebidas, já que nossas influências se dão principalmente com lendas acima da linha do Equador. E este é um dos diferenciais desejados em Os Sete Guerreiros, onde seres daqui enfrentam outros já conhecidos, e pra encher de sustância este efervescente caldeirão, a mente deste escritor ainda se dá o direito de criar espécies estranhas a tudo que se conhece como os Gigamontes, e os Kroch-auch.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A ponte, o velho, a decisão

O céu estava alaranjado, com os sóis que se punham a oeste naquelas terras planas. Nuvens rosadas riscavam a abóboda que cobria os campos de pasto alto, que dançavam na direção do vento que soprava com um leve uivo naquele fim de tarde. O verde, vasto, que se perdia com o horizonte era dividido pelo grande cânion que separava em duas aquela terra misteriosa. David Bruno, dezesseis anos. Nada mais é necessário falar por enquanto, pois sua vida no mundo real não existira após sua decisão. Ele está solitário naquela terra deserta.

Na verdade, não estava tão solitário assim, pois do outro lado da velha ponte, construída por cordas e madeiras podres, um velho o olhava com demasiado interesse. Não era mais alto que um anão, e estava postado como um poste aguardando por uma atitude do jovem. David Bruno não sentia seus pés ao chão. Flutuava como as folhas secas que são carregadas pelo vento do outono. Não estranha, “é apenas um sonho” como ele imagina. No entanto desconhecia que sonhos podem ser perigosos, e que decisões, mesmo que tomadas na dimensão onírica podem destruir uma vida, ou recriá-la de tal forma que quem mergulha em suas sombras descobre que tudo que conhece jamais será igual.

Ele ouve a voz rouca, abafada e rude do velho. – Decida-te David Bruno. Tu serás o único responsável pelo teu destino. Atravesse esta ponte e tornar-se-á um herói, ou desperte para um novo dia e seguirás teu caminho, de bom jovem... Bom homem... O velho demonstrava ter pressa em suas palavras ditas sobrepostas uma as outras. – Quem é você? Gritou o garoto. – O que menos importa aqui, é quem sou eu, e sim que é você, David Bruno. Respondeu o velho. – A única coisa que posso lhe dizer é que você precisa atravessar esta ponte. Você é muito importante. Por favor, não relute tanto. Continuou o velho tentando usar sua lábia para convencer David Bruno atravessar a ponte.

David Bruno aproximou-se temeroso do grande abismo que o separava do outro lado. Sentia profundamente em sua alma que aquela noite era diferente das demais. A saudade do sorriso de sua mãe invadiu-lhe o peito cortante como o gelo. Lembrou-se do abraço do mais jovem de seus dois irmãos, e pensou em regressar. Simplesmente acordar para o que estava habituado. Escola, academia, amigos... Afinal que mais poderia desejar.

Aventura. Esta palavra martelou em seu pensamento e sua curiosidade o impelia a seguir em frente, pisando com todo cuidado nas tábuas que rangiam, e se esmigalhavam sumindo no vazio sob ele. A insistência dia após dia daquele velho que o arregimentava para uma grande batalha o jogava num caminho sem volta. David Bruno partiu em silêncio, sem despedir-se de um ente querido que fosse. No fundo de seu coração imaginava poder voltar para casa um dia.
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